quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Caso Serrambi

Por Thaís Cavalcanti

Em cinco dias de julgamento através do júri popular, sessenta horas, com mais de dez mil páginas de processos, entre apresentação de provas, defesas, protestos em frente ao fórum e – sobretudo – tensão, o Fórum de Ipojuca sintetizou os sete anos de investigações do caso de maior repercussão da história criminal do estado recentemente para que, por fim, pudesse obter um desfecho final.

No banco de réus estavam os kombeiros Marcelo e Valfrido Lira, acusados de duplo homicídio das adolescentes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, desaparecidas em 3 de maio de 2003 e encontradas mortas, dez dias depois, num canavial no distrito de Camela, em Ipojuca, por José Viera de Melo (pai de Tarsila) e amigo, em busca paralela com autorização da polícia.

Na madrugada deste sábado (04), funcionários públicos de Ipojuca, decidiram, com quatro votos a três, a inocência dos suspeitos que, então, foram oficialmente absolvidos pela juíza Andréa Calado. Os kombeiros, que estiveram em breve prisão temporária em 2003 e posteriormente permaneceram em 2008, foram recebidos com festa por amigos e familiares após o veredito favorável, com direito a cartazes, fogos de artifício e banda de música.

Durante o julgamento, a juíza Andrea Calado teve de suspender diversas sessões devido a alguns incidentes no processo: várias pessoas passaram mal (entre eles o ex-promotor do caso, Miguel Sales e a mãe de Maria Eduarda, Regina Lacerda) e houve grandes desentendimentos e troca de farpas entre o advogado de Defesa Jorge Wellington (41) e o promotor Ricardo Lapenda (53). Ainda, outros personagens foram amplamente relembrados e discutidos durante as sessões, dentre eles o ex-promotor do caso, que teve sua conduta profissional questionada, e Regivânia Maria da Silva, testemunha que afirmou ter visto as duas adolescentes entrando na Kombi dos Lira. Ademais, o júri popular também serviu como uma aula de direito penal para estudantes universitários que foram acompanhar de perto o caso.

Entretanto, mesmo tido como encerrado o julgamento dos antigos suspeitos, a decisão ainda gera repercussão: o promotor Ricardo Lapenda entrou com recurso no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) pedindo anulação do julgamento, alegando que uma das pessoas que faria parte do júri era parente dos irmãos. Os pais das adolescentes, confiantes na culpa dos réus, também não se mostraram satisfeitos com a decisão. “Perdemos apenas o primeiro round. Vamos recorrer da decisão”, frisa Antônio Dourado, pai de Maria Eduarda.

Com a decisão, o caso volta à estaca zero e o crime continua impune e sem ter conhecimento da real história do assassinato das adolescentes. “Prometi a minha filha que se vivesse até os 90 anos, iria lutar todos os dias para que ela tivesse justiça. Continuarei buscando minha promessa”, afirma José Vieira, pai de Tarsila.

O julgamento do caso foi acompanhado por telejornais todos os dias em nível local e tido suas principais notícias veiculadas também a nível nacional.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Composições de Luiz Gonzaga ainda representam o povo Nordestino

Por Amanda Ferreira

O compositor e cantor pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 1912 na Zona rural de Exu, Sertão de Pernambuco e nem sempre viveu na sua cidade natal, aos 17 fugiu de casa e migrou para o Sul do Brasil, nesta época fez de tudo um pouco, até tocar em bares na beira do Cais. Foi em uma dessas breves e modestas apresentações que Luiz ouviu que se tocassem as boas músicas do ‘distante Nordeste’, faria sucesso.

A partir daí, compôs duas músicas: "Pés de Serra" e "Vira e Mexe", então decidiu participar do concurso de calouros de Ary Barroso onde solou sua música “ Vira e Mexe”, conquistando o seu primeiro prêmio e posteriormente foi contratado pela emissora Nacional, se tornou responsável pela disseminação da cultura popular nordestina no eixo Sul/Sudeste.

Luiz Gonzaga foi representando o que se tem da música nordestina, foi o primeiro músico a conceber através da sanfona e do chapéu de couro, o brado das dores e amores de um povo que ainda não tinha voz. Em 1985 teve a oportunidade de se apresentar e ser prestigiado pelos Parisienses, dois anos depois o ‘Velho Lua’ ganhou o Prêmio Shell de Música Popular, consolidando mais ainda sua carreira de ilustres participações e reconhecimento.

Embora tenha morrido há 21 anos, seu legado transparece o sucesso das grandes composições, mesmo que a mídia continue tentando desviar a atenção do público para modismos e novos ritmos, o Rei do Baião nunca perde seu prestígio e continua representando a alma de um povo, o Nordestino.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quarto aniversário da Orquestra Cidadã

Por Amanda Ferreira

Idealizado em 2005 pelo Juiz de Direito João José Rocha Targino, tendo em vista incluir socialmente crianças e adolescentes através da música, o projeto Orquestra Criança Cidadã, que contempla crianças que moram em um dos bairros mais perigosos do Recife, o Coque, completa mais um ano de descoberta de talentos e música erudita por mãos e sopros infantis.

O Maestro conceituado Cussy de Almeida, violinista e compositor, nascido em Natal/RN, falecido há duas semanas, ingressou nos grandes Conservatórios de Música na Europa durante sua adolescência. No mesmo período, participou dos seus primeiros concertos e três anos depois voltou ao Brasil e deu continuidades a projetos e criações de diversas orquestras.

Nos últimos quatro anos, abraçou o projeto Orquestra Criança Cidadã e se dedicou a executar a música popular e conciliá-la à erudita, com instrumentos típicos do Nordeste (rabecas e violas). Cussy de Almeida se preocupou em ensinar música e dar cidadania às crianças do Coque e sempre dizia: “A inteligência e a capacidade, sobretudo dos brasileiros, está nas camadas mais baixas da população”. Em todas as apresentações com as crianças, o Mestre e Maestro emocionava o público e demonstrava seu amor e excelência pela música. “Mais do que a musicalidade, ele nos ensinou a formar um caráter, a formar um cidadão”, conta o Juiz e amigo, João Targino.

Indicado pela ONU como um dos melhores projetos de inclusão social do mundo – a Orquestra Criança Cidadã completa hoje, quinta-feira (5), quatro anos de existência e fará uma apresentação em homenagem aos 21 anos sem o rei do baião – Luiz Gonzaga. É a primeira vez que os meninos se apresentarão sem a regência de Cussy de Almeida.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Rumo a 2014 - A copa no país do futebol!

Por Amanda Ferreira

Contagem regressiva para 2014, quando Brasil sediará o maior evento do futebol no mundo, a copa, que há mais de sessenta anos não acontece nas capitais verde e amarela. Embora o resultado da Copa de 2010 no Continente Africano não tenha sido o esperado por 190 milhões de brasileiros eufóricos pelo Hexa, a garra e vontade de um futuro de glória não se apaga nos corações da seleção Canarinha e dos seus torcedores, além de provar que a África do Sul é capaz de organizar com muita qualidade e empatia um evento de grande porte e se mostrou um continente receptivo e gentil.

Bem quisto por uns, odiado por muitos. Dunga causou polêmicas que só o tempo pode responder, tanto sobre a vitória não conquistada quanto à desenvoltura dos atletas em campo que não agradou a quem esperava goleadas nas cinco partidas em que o Brasil disputou com confiança e o antigo futebol-arte composto de habilidade e técnica individual.

“A culpa não é só do técnico quando um time perde, até porque ele (Dunga) comandou a Seleção por quatro anos e venceu todos os campeonatos que participou, mas a FIFA tem que rever o uso da tecnologia no futebol, pois erros de arbitragens cometidos em vários jogos poderiam ter mudado o resultado da Copa”, conta Matheus Rodrigues que após o Brasil ser eliminado da disputa torceu para que a Espanha ganhasse na final. “Todos os dez jogadores de linha têm habilidades para decidir uma partida em um lance”, completa.

Agora é esperar passar os quatro anos de treinos, amistosos e preparativos para mostrar que o Brasil não é apenas o país que disputou todas as copas desde a sua existência, mas um país capaz de reunir inúmeras culturas em seu calor de alto-astral e em suas maravilhosas cidades tropicais ou frias, contudo, mostrar que por trás de um país subdesenvolvido existe a sede de ser Hexa e ganhar em casa mais uma conquista na história das Copas Mundiais de Futebol.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Forró aquece Pernambuco no São João

Por Amanda Ferreira

O ciclo junino agrega a celebração das festas pagadoras entre católicos em homenagens a Santo Antônio, São João e São Pedro. Ao longo do mês de junho as festividades vão se misturando e as tradições se conjugando ao redor dessas três imagens simbólicas.

Enfeitada com balões e bandeirinhas, Recife é palco de muitas apresentações juninas durante um mês inteiro de festas. Iniciadas no final do mês de Maio, as comemorações reúnem grandes nomes da música Pernambucana e Brasileira, que se apresentam em inúmeros pólos espalhados pela cidade e Estado, além de bandas e músicos, quadrilhas compõem a programação do arraial Pernambucano que por mais antigo que seja, não perde a autenticidade e valorização de talentos da terra.

O feriado de São João foi marcado por muitas apresentações, como Geraldinho Lins, Almir Rouche, Maestro SPOK e outros que agitaram os cinco dias de forró, o que fez muitos pernambucanos arrastarem o pé no xote dos músicos que cantaram seus maiores sucessos para uma multidão de forrozeiros natos nas concentrações reunidas no Pátio de São Pedro, Sítio da Trindade, Praça do Arsenal da Marinha, Parque de Eventos Luiz Gonzaga (Caruaru) etc.

“Eu viajei para a Capital do forró e me diverti com segurança, em meio a uma multidão de pessoas, consegui aproveitar meu São João com tranqüilidade. O São João de Caruaru é tão importante quanto o carnaval de Olinda pela questão da ligação com a cultura”. Comentou Rafael Fernandes (20), estudante de Direito, que viajou para Caruaru em busca do autêntico e tradicional forró pernambucano.

Após 25 dias de festividades, o ciclo junino encerrou-se no dia 30 de junho com o Recife Solidário – show aconteceu na Praça do Arsenal, em prol das vítimas flageladas após a enchente que atingiu o interior de Pernambuco no mês de Junho. Os artistas que se apresentaram no evento abriram mão de seu cachê para reunir pessoas no forró e na solidariedade em arrecadar donativos.